Maurício Adinolfi Estorvo Escorbuto, 2018


Estorvo Escorbuto, 2018

Partes de um barco de madeira carbonizado, inox, ossos de baleia, asfalto, sal, cabos marítimos, esticadores e cabos de aço.

Amazônia: Os Novos Viajantes. MuBE - Museu Brasileiro de Escultura

curadoria: Cauê Alves e Lucia Lohmann
Alberto Baraya
Alexander von Humboldt.
Cildo Meireles
Claudia Andujar
Fernado Limberger
Flavio de Carvalho
Gabriela Albergaria
Karl Friedrich Philipp von Martius
Luiz Braga
Marcone Moreira
Margaret Mee
Maria Martins
Maurício Adinolfi
Melanie Smith
Simone Fontana Reis

O Núcleo Histórico traz obras originais dos primeiros viajantes que desbravaram a Amazônia nos séculos passados, misto de cientistas e artistas, destacam-se entre os naturalistas, presentes na mostra, Karl Friedrich Philipp von Martius e Alexander von Humboldt.

Em 1817, Martius integrou a missão científica enviada ao Brasil pelos governos alemão e austríaco como responsável pela seção de botânica, percorrendo o Brasil durante três anos, chegando até o alto Amazonas, reunindo material que lhe permitiu publicar extensa e importante obra. No decorrer dessa viagem, Martius reuniu mais de 6.000 espécies de plantas, além de material etnográfico e filológico. Como resultado do período no Brasil, Martius publicou diversos trabalhos entre os quais Flora Brasiliensis, onde descreve e classifica grande parte da flora brasileira e referência ainda hoje para biólogos e cientistas da área.

Humboldt, por sua vez, viajou pela América Latina entre 1799 e 1804, tendo percorrido parte dos rios Amazonas, Orinoco, Atabapo e Negro. Proibido pelos portugueses de permanecer em território brasileiro, desenvolveu seus estudos sobre a Amazônia na área venezuelana. Publicou diversas obras, tendo sido responsável pela criação das bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia.

No Núcleo Científico estarão expostos filme sobre a expedição científica, amostras coletadas pela equipe da bióloga e co-curadora da exposição, Prof. Dra. Lucia Lohmann, assim como demonstração de processos e de resultados obtidos até agora com sua pesquisa sobre a origem da floresta Amazônica. Estarão presentes também alguns equipamentos de pesquisa que poderão ser manipulados pelo público produzindo uma aproximação com a experiência científica

O Núcleo de Arte apresentará, entre outras, obras de artistas que fizeram parte da expedição científica e produziram seus trabalhos a partir dela, como a portuguesa Gabriela Albergaria, que apresentará a obra Árvore em Linha

Artistas que viajaram em outras épocas para a região também estarão presentes, como Flavio de Carvalho que fez sua viagem para a Amazônia em 1958. A mostra apresentará ainda artistas com consistentes trabalhos sobre a região como Claudia Andujar, com sua série de fotografias realizadas nos anos de 1970 em território Yanomami, Alberto Baraya com sua taxonomia de plantas artificias, além de Marcone Moreira com seus volumes que lembram barcos, Fernado Limberger com seus troncos queimados em leito de areia vermelha como chamas e Maurício Adinolfi com uma instalação fruto de suas pesquisas sobre crises e deslocamentos fluviais e marítimos. Luiz Braga, renomado fotografo de Belém, também estará presente na mostra, entre outros artistas.

Cildo Meireles estará presente com a obra Rios, com os sons das águas que correm. Representando a fronteira entre arte e ciência serão apresentadas as aquarelas de Margaret Mee com espécies da região. O detalhamento exigido pelo estudo da botânica com as lindas cores e traços do apuro artístico.

Como representação da ideia de Amazônia que existe no imaginário das pessoas que nunca visitaram o local, estará presente na mostra a artista Maria Martins. Apesar de não ter visitado a região, Maria Martins realizou em 1943, em Nova York, a exposição "Amazonia" e o folclore e imaginário da floresta permeiam a produção surrealista da artista.

Parafraseando Lucia Lohmann, co-curadora da exposição: "A gente só vai conseguir preservar as nossas florestas, quando a gente entender o valor delas, entender de onde vieram essas plantas e entender toda a história. A gente só preserva o que a gente conhece, o que a gente gosta, o que a gente valoriza."